quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CAMINHOS


Já faz tempo que me sinto estranho, como um carro que vinha muito bem na rodovia, mas sem perceber, foi se desgovernando e acabou perdendo-se numa curva, sem conseguir retornar.

Escrevo isso para tentar exorcizar alguns demônios. Barulhos, inquietações internas que ao invés de se aquietarem, aumentam consideravelmente à medida que o impiedoso tempo passa. Essas demônios são implacáveis, deixam claro desde a hora que acordo até quando me deito, que estou encalhado ao lado da rodovia, sem a possibilidade de retorno.

Bom, talvez não seja o único a me sentir assim. Algumas coisas que me faziam sentido, aliás, que talvez fossem o sentido que a tanto procurava, hoje não passam de sombras. Arquétipos de uma vida passada... Me identifiquei muito com Sartre em sua auto-biografia "As palavras", sentindo-me como um passageiro que tomou o trem errado, ou que não tinha uma exata noção do onde ou do porquê de estar ali. Lembro que sou passageiro somente quando me cobram a passagem... Aliás, cobradores existem aos montes!

Nasci e fui criado num lar de tradição protestante. Desde cedo sabia que era do "exército de Deus", talvez algum tipo de "Al-Qaeda gospel". Aprendi o que era o certo e o que era errado. Fazendo o certo mandaria tijolinhos para o céu. Fazendo o errado...bom, acho que nem preciso falar. Apesar de todo o "treinamento espiritual", não consegui ver sentido naquilo e procurei tomar novos rumos.

O tempo passou e tive uma real experiência com o Transcendente. Sim, talvez não pareça, mas não tenho problemas com Deus. Na verdade, sou apaixonado por ele. Mas por que não consigo retornar à rodovia?

Certas coisas estão acontecendo. Algumas leituras, pequenas gotículas da graça que há tempos não percebia, estão mexendo, revolvendo a terra do meu árido coração. Isso tem a ver com o Emanuel, aquele que prometeu a sua presença, que nunca me deixaria só.

Percebo que foi Ele quem me tirou da rodovia na qual estava. A auto-estrada do modelo religioso, do legalismo e do domínio hipócrita, que com vestes farisaicas tenta governar a vida daqueles que somente querem um relacionamento com o Pai. Não, não sou contra estas pessoas, muitos considero como amigos. Na verdade sou contra idéias. Aliás, também agi durante muito tempo assim, tentando ajudar através do domínio. Isso me secou!

Hoje começo a perceber, que não é pra rodovia, para a auto-estrada que devo retornar. Logo ao meu lado há um caminho, ele é estreito, bem simples. Esse caminho é Jesus, e caminhar nele significa entender quem sou nele e para ele. Aprender com meus erros, mas nunca desanimar, nem deixar que a culpa me impeça de avançar.

Um comentário:

  1. É bem mais fácil cair e aprender no caminho estreito, que ficar zanzando no caminho dos padrões e dogmas que nos deixam cegos pelo caminho!

    Um abraço!

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