sábado, 6 de fevereiro de 2010

EU, HEREGE?


Depois de um bom tempo volto a escrever. Escrevo pra tentar apaziguar meu espírito, para compartilhar minhas idéias, para dialogar com outros que possuem pontos de vista semelhantes e acima de tudo, para ser lembrado por meio dos meus textos.

Bom, diante de algumas coisas que tenho visto e ouvido, não posso me aquietar. Talvez não seja importante para outros, mas o é para mim.

Semanas atrás, ouvi sobre um pastor de uma renomada igreja evangélica. Este senhor, depois de longos anos à frente de suas ovelhas, possuindo grande influência perante os seus, resolve mudar de rumo, convertendo-se ao Islamismo. A princípio fiquei chocado, não com esta notícia, mas com a reação que ela me causou. Depois de refetir sobre o assunto, cheguei à conclusão de que tudo não passava da mão de Deus endurecendo novamente o coração do faraó, ou seja, Ele, usando esta circunstância para um fim maior: glorificar o Seu nome.

Durante um longo tempo quis fugir do meu chamado, até de herege fui rotulado. Fiquei traumatizado e enfarado da "igreja" cristã. Pensei que, talvez estivesse enganado com relação à decisões tomadas anos antes: engajamento cristão, chamado missionário, preparação teológica, etc., mas não. Tudo na vida faz parte de uma construção. Procurei até, mesmo que inconscientemente -e hoje percebo- deixar de acreditar naquilo que foi minha razão de ser: Jesus. O fato é que, a cada tese(convicção) surge uma antítese(questionamento) que gera uma síntese, e assim por diante, sucessivamente. O engano é quando não queremos aceitar esses conflitos, e em nossa rigidez inflexiva cristalizamos nossa consciência.

Hoje posso dizer sem titubiar: que Deus abençoe o islã! Sim, creio que temos muito o que aprender com eles. Islamisno, submissão à Alá, sincera devoção que haverá de fazer com que a verdadeira Igreja de Cristo seja purificada daqueles que não são discípulos de Jesus, mas da instituição cristalizada, levantando bandeiras sujas, estampando puramente o seu ego. Espero, sinceramente que estes engrossem as fileiras islâmicas, pois, mudar de "instituição religiosa" não deve ser tão difícil assim, o difícil é abandonar Jesus, depois de REALMENTE experimentar do seu amor.

A verdade é que não tenho enxergado Jesus nesse "negócio de crente". Enxergo sim, um monte de hipócritas que, de tão mentirosos, acreditam em suas próprias mentiras, tornando-as dogmas a serem seguidos pela boiada, que pensa ser ovelha. Logicamente que não são todos, mas, ligo minha tv e vejo, na grande maioria dos programas "evangélicos", uma maneira de explorar em nome de Deus. Vejo uma "Marcha para Jesus", que não passa de uma ostentação soberba de um sal que tornou-se insípido. Dólares em cuécas, em Bíblias e sabe lá em que ou onde mais... Um mercado gospel crescente, "abençoando" muitos em nome de Jesus. Lencinhos "ungidos", etc... E eu sou herege?

O que vejo é um país, com uma população evangélica em ascendência, mergulhando numa corrupção moral em todos os setores da sociedade. Tráfico de drogas, criminalidade, corrupção, pedofilia, etc... Mas o que importa é que estamos crescendo, mesmo que a corrupção faça parte até mesmo dos bastidores evangélicos. E eu sou herege?

Não, não sou herege. Sou discípulo, mas não da "igreja", e sim de Cristo. Devo procurar me parecer com Ele, e não com o que querem que eu pareça. Como seguidor do Mestre sei que, por onde passava situações mudavam, pessoas eram libertas, vidas restauradas, estabelecia-se a justiça. Se heresia for buscar a essência do Evangelho, então sou. No entanto, se eu não sou, outros são.