quarta-feira, 5 de maio de 2010

Jesus ou Gésuz?


Não é incomum nos enganarmos acerca daquilo que pensamos. Na verdade é mais comum do que imaginamos. Quantos divórcios, casais que após o convívio se deparam com alguém que nem de longe se parece com a pessoa pela qual se apaixonaram. Amigos, que pela convivência revelam-se na verdade inimigos. Projetos e sonhos transformados em pesadelos. Na política nem se fala, lembram do Collor?

No âmbito da fé não é diferente. É verdade que estamos numa época de "avivamento". Onde moro parece que existem mais igrejas do que botecos, e olha que não são poucos. Entretanto, não há uma evidência clara da revelação do Jesus das Escrituras. O número dos "fiéis" aumenta, mas não consigo ver transformação na sociedade. É assustador o número de pessoas envolvidas em casos de pedofilia. A criminalidade aumenta gigantescamente. O tráfico e o consumo de drogas já atinge todas as esferas da sociedade, e é caso de saúde pública. Mas, e Jesus?

Quando leio a Bíblia, encontro um Jesus diferente desse pregado em nossos dias. Bom, talvez eu esteja errado. Mas me ajudem, pensem comigo. Por onde Ele (o da Bíblia) andava, as coisas não permaneciam como antes. João Batista manda seus discípulos perguntarem se Ele realmente era "aquele que haveria de vir", e o Senhor responde: "voltem e anunciem a João o que vocês estão vendo e ouvindo: os cegos vêem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos pobres..." E não é somente isso, estes sinais (milagres) não tinham um fim em si mesmos, eles apontavam para algo maior, para o Pai. O encontro de Zaqueu com o Mestre foi algo extremamente comovente. Um pecador, que tem uma revelação transformadora, ao ponto de se comprometer em restituir àqueles de direito, pessoas que foram prejudicadas pelo "velho" Zaqueu. Os Zaqueus de hoje se preocupam em encher seus bolsos com muito dinheiro e as garagens de suas mansões com carros importados. Mais uma vez admito que posso estar errado, mas seria esse o cerne da mensagem do Evangelho? Não estamos nós num tempo de "avivamento"?

Bom, o pouco que li e ouvi a respeito de avivamento, me deixa um pouco desconfortável com o que os meus olhos vêem e ou meus ouvidos ouvem. Se não me falha a memória, nos avivamentos, muitos milagres aconteciam. os cegos voltavam a ver, os aleijados a andar, os leprosos também eram purificados, os surdos ouviam, os mortos eram ressuscitados, e as boas novas também eram pregadas aos pobres. No entanto, as bases da sociedade eram abaladas. Bares e prostíbulos eram fechados porque o maior milagre de fato estava acontecendo: conversão, arrependimento e consequentemente, mudança de caráter. Mais uma vez conto com a ajuda de vocês: neste avivamento estas coisas estão acontecendo? Sim? Mas, e as mudanças de caráter, e da sociedade?

Talvez estejamos honrando o Senhor com os lábios e não com o coração. Um possível engano, onde não seja o Jesus, das Escrituras que esteja entronizado, mas o Gésuz do egocentrismo, mais parecido com Mamon. Creio que a única maneira de sabermos a verdade é voltando para as Escrituras e clamando ao Senhor que o real avivamento comece em nós.

"Conheçamos o Senhor; esforce mo-nos por conhecê-lo. Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como chuvas de primavera que regam a terra." Os 6.3

sábado, 6 de fevereiro de 2010

EU, HEREGE?


Depois de um bom tempo volto a escrever. Escrevo pra tentar apaziguar meu espírito, para compartilhar minhas idéias, para dialogar com outros que possuem pontos de vista semelhantes e acima de tudo, para ser lembrado por meio dos meus textos.

Bom, diante de algumas coisas que tenho visto e ouvido, não posso me aquietar. Talvez não seja importante para outros, mas o é para mim.

Semanas atrás, ouvi sobre um pastor de uma renomada igreja evangélica. Este senhor, depois de longos anos à frente de suas ovelhas, possuindo grande influência perante os seus, resolve mudar de rumo, convertendo-se ao Islamismo. A princípio fiquei chocado, não com esta notícia, mas com a reação que ela me causou. Depois de refetir sobre o assunto, cheguei à conclusão de que tudo não passava da mão de Deus endurecendo novamente o coração do faraó, ou seja, Ele, usando esta circunstância para um fim maior: glorificar o Seu nome.

Durante um longo tempo quis fugir do meu chamado, até de herege fui rotulado. Fiquei traumatizado e enfarado da "igreja" cristã. Pensei que, talvez estivesse enganado com relação à decisões tomadas anos antes: engajamento cristão, chamado missionário, preparação teológica, etc., mas não. Tudo na vida faz parte de uma construção. Procurei até, mesmo que inconscientemente -e hoje percebo- deixar de acreditar naquilo que foi minha razão de ser: Jesus. O fato é que, a cada tese(convicção) surge uma antítese(questionamento) que gera uma síntese, e assim por diante, sucessivamente. O engano é quando não queremos aceitar esses conflitos, e em nossa rigidez inflexiva cristalizamos nossa consciência.

Hoje posso dizer sem titubiar: que Deus abençoe o islã! Sim, creio que temos muito o que aprender com eles. Islamisno, submissão à Alá, sincera devoção que haverá de fazer com que a verdadeira Igreja de Cristo seja purificada daqueles que não são discípulos de Jesus, mas da instituição cristalizada, levantando bandeiras sujas, estampando puramente o seu ego. Espero, sinceramente que estes engrossem as fileiras islâmicas, pois, mudar de "instituição religiosa" não deve ser tão difícil assim, o difícil é abandonar Jesus, depois de REALMENTE experimentar do seu amor.

A verdade é que não tenho enxergado Jesus nesse "negócio de crente". Enxergo sim, um monte de hipócritas que, de tão mentirosos, acreditam em suas próprias mentiras, tornando-as dogmas a serem seguidos pela boiada, que pensa ser ovelha. Logicamente que não são todos, mas, ligo minha tv e vejo, na grande maioria dos programas "evangélicos", uma maneira de explorar em nome de Deus. Vejo uma "Marcha para Jesus", que não passa de uma ostentação soberba de um sal que tornou-se insípido. Dólares em cuécas, em Bíblias e sabe lá em que ou onde mais... Um mercado gospel crescente, "abençoando" muitos em nome de Jesus. Lencinhos "ungidos", etc... E eu sou herege?

O que vejo é um país, com uma população evangélica em ascendência, mergulhando numa corrupção moral em todos os setores da sociedade. Tráfico de drogas, criminalidade, corrupção, pedofilia, etc... Mas o que importa é que estamos crescendo, mesmo que a corrupção faça parte até mesmo dos bastidores evangélicos. E eu sou herege?

Não, não sou herege. Sou discípulo, mas não da "igreja", e sim de Cristo. Devo procurar me parecer com Ele, e não com o que querem que eu pareça. Como seguidor do Mestre sei que, por onde passava situações mudavam, pessoas eram libertas, vidas restauradas, estabelecia-se a justiça. Se heresia for buscar a essência do Evangelho, então sou. No entanto, se eu não sou, outros são.